Como vai funcionar o alistamento militar obrigatório na Alemanha
De 1º de janeiro do próximo ano, jovens receberão um questionário sobre aptidão e interesse. A partir de 1º de julho de 2027, todos os homens de 18 anos passarão por avaliação médica obrigatória. Projeto ainda precisa do aval do Parlamento.
O gabinete do chanceler Friedrich Merz aprovou um projeto de lei que redesenha o serviço militar na Alemanha e deve ampliar de forma significativa o efetivo das Forças Armadas (Bundeswehr). A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento.
A partir de 1º de janeiro do próximo ano, um questionário será enviado a jovens homens e mulheres (cidadãos) em todo o país para medir interesse, nível de preparo físico, habilidades e áreas de atuação. O preenchimento será obrigatório para os homens e voluntário para as mulheres.
Por enquanto, apenas esse "alistamento" e exames médicos serão obrigatórios, não há no texto previsão para que os jovens de fato façam parte do exército. Mas um serviço compulsório pode ser incluído mais tarde, em novos projetos de lei.
Exame obrigatório para homens
O texto estabelece também que, a partir de 1º de julho de 2027, todos os homens alemães deverão passar por um exame médico obrigatório, mesmo que não optem pelo serviço militar voluntário, quando completarem 18 anos.
O serviço militar obrigatório havia sido suspenso oficialmente em 2011, no governo da então chanceler Angela Merkel. A retomada, mesmo que parcial e com novos formatos, marca uma mudança relevante para famílias que vivem na Alemanha e têm filhos que completarão 18 anos nos próximos anos - e afeta todos os cidadãos, mesmo aqueles com dupla cidadania.
Por enquanto, apenas esse "alistamento" e exame médicos serão obrigatórios, não há no texto previsão para que os jovens de fato façam parte do exército. Mas um serviço compulsório pode ser incluído mais tarde, em novos projetos de lei.
Por que essa mudança?
Merz tem reiterado que a Rússia representa a maior ameaça à liberdade, à paz e à estabilidade na Europa. Segundo ele, a Alemanha, como país mais populoso da União Europeia, deve ter o maior exército convencional do lado europeu da OTAN.
Hoje a Bundeswehr conta com cerca de 182 mil soldados e 49 mil reservistas. O ministro da Defesa, Boris Pistorius, estabeleceu como meta chegar a 260 mil militares na ativa e a 200 mil reservistas operacionais.
Para atrair mais jovens, o governo já lançou campanhas de recrutamento em redes sociais e oferece salário a partir de 2.300 euros mensais, além de assistência médica gratuita e benefícios como apoio para a obtenção da carteira de motorista.
Quais foram as reações ao projeto?
A reunião do gabinete ocorreu de forma simbólica no Ministério da Defesa, em uma sala blindada conhecida como “o submarino”. Do lado de fora, um pequeno grupo de manifestantes protestou contra a reintrodução da obrigatoriedade.
Nos debates públicos, algumas críticas apontam que o novo modelo pode ser discriminatório, já que apenas os homens terão de responder ao questionário e se submeter ao exame médico obrigatório. Em fóruns online, surgiram comentários de que a lei “discrimina os homens”. Além disso, há críticas de setores que são contrários à remilitarização da Alemanha.
Além do projeto sobre serviço militar, o gabinete também aprovou a criação de um Conselho Nacional de Segurança e novas medidas para proteger as Forças Armadas contra ciberataques, sabotagem e outras ameaças.
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